sexta-feira, 21 de abril de 2017

Alimentação, não está fácil!!!

Quando fico um tempo sem escrever, é porque a fase não está boa com as crianças, e eu evito desabafar aqui no blogue porque tenho um pouco de vergonha de expor as coisas ruins e nossos desesperos de pais, e um certo medo de que um dia eles leiam e se sintam mal... mas enfim, agora resolvi mudar de postura e desabafar sim, preciso encontrar alguma resposta para problemas básicos que todo pai deve viver!

Alimentação!!
Benício está com 3 anos e 2 meses! Pedro acabou de nascer, não tem nem um mês ainda, então vou focar esse item no Benício mesmo!!! 

Não estamos conseguindo fazer ele comer nada!!! Come pouco, com preferências para besteiras em geral e fora dos horários que planejamos... para piorar a gente ainda dá em sua boca até hoje, chegando à alguns cúmulos, como:
Segurar a MAMADEIRA (Ainda!!!!!) para beber água... 
Tem hora que eu e Adriana sentamos ao lado dele na mesa, e cada um com uma colher na mão tentando dar comida... ela com uma colher de arroz e eu com uma colher de carne... 
Fazer todo tipo de chantagens, como dizer que a polícia do Conselho Tutelar, vai me prender se ele não comer, que o coelho da páscoa não vai trazer ovos, que ele vai ficar doente, que isso e aqui... 
Sabemos de todo o mal psicológico que essas chantagens fazem na cabeça da criança...
Em meio ao desespero para comer, oferecemos todo tipo de recompensas caso ele coma uma colher de arroz... chocolates, TV, sorvete, salgadinhos de isopor... como se isso fosse substituir alguma refeição de verdade...
Tentando palhaçadas, levar comida na sala, em frente ao computador, imitando piquenique... Afff mãe do céu!!!
Como não bastasse, ele ainda está passando por essa fase de estresse emocional por causa da chegada do Pedrinho, então a gente fica mais tolerante aos absurdos, com peninha e dózinha dele!!!! E para piorar, Benício acabou de sair de uma longa gripe com tosse e febre... e ainda quebrou o dente na semana passada!!! 

Nossa tendência é afrouxar as rédeas na alimentação saudável e ao mesmo tempo exigir que ele coma para não ter nenhuma baixa de glicose ou de imunidade... 

Assim, enfiamos vitaminas e remédios (nada de antibióticos) para que a gripe não se alastre para coisa pior e não passe para o Pedro... Pólen, geleia real, óleo de coco, vitamina C, própolis, mel, complexo B, etc...

Agora, refletindo com Adriana, estamos constatando que chegamos ao nosso limite, as refeições tem sido momentos de estresse profundo para a gente e para o Benício, que sai chorando da mesa, pedindo para ir dormir ou implorando para ir brincar ou assistir TV... (que é outro mal que temos combatido).

Ai eu enfio a cara nos livros sobre pedagogia, criação de filhos, psicologia infantil, buscas na internet!!! Lindas teorias, mas que na prática a gente esquece tudo e faz as maiores atrocidades no momento das refeições!!!

Que fazer?? Alguém ajuda!!

Pensamos em relaxar, Carpe Diem, ficar zen, mas ai pensamos que Benício pode achar que estamos desistindo dele... e lá vem as paranoias de pais... Ops, então mudar de estratégia...

Pensamos em fazer realmente cumprirem-se as ameaças, como sem TV, sem doce... fizemos isso, até adianta um pouco, mas logo ele se adaptou e fica realmente sem o doce ao final e sem a TV... Ops... então melhorar a estratégia...

E pensamos: - Que saco, que coisa artificial, ter que ficar pensando em soluções, estratégias, psicologismos... mas enfim, ser pai é isso, um eterno aprendizado e superar desafios da maneira mais inteligente e saudável... 

Penso que realmente não temos sido nem inteligentes, nem saudáveis, e que talvez soltar as rédeas seja mesmo uma das soluções... e volta-se a conversar com Adriana...

Então tentar parar de dar comida na boca... o que parece meio óbvio e tranquilo... ai a gente para por uns dias e o piá não come NADA, fica só ciscando o prato e fazendo sujeira... Dizem os construtivistas: - Isso faz parte!!! É pode até fazer, mas não resolve o problema... 

Lembrei de outro absurdo. Imaginem o quadro:
A gente tentando enfiar comida na boca do menino e ele engolindo, quase vomitando... só para poder assistir TV ou qualquer outra coisa, e a cada colherada engolida, ele pergunta: - Eu já comi papai?? Meu Deus... e a gente ali, forçando a barra, sem imaginar que isso era um grito de alerta, um S.O.S., um RESPEITEM-ME, a gente tratando-o como se ele não tivesse mais noção se já comeu ou não!!! E ontem ele sonhava e falava a noite: Não quero mais!!!
Uma falta de respeito mesmo, não deixando ele decidir sobre o que quer comer, ou sobre se já está satisfeito ou não!

Parecendo uma tortura... (É claro que to exagerando, porque to escrevendo tudo isso num alto estágio de indignação contra mim mesmo)

Pode-se tentar justificar nossa paranoia de inúmeras maneiras, lembrando, por exemplo, de quando ele era recém-nascido e teve o amarelão e teve que fazer a fototerapia, ou ainda, quando ele não mamava direito por quase todo o primeiro mês, onde foi perdendo peso e tínhamos que colocar o bico artificial no seio, tirar a roupa toda dele para que ele despertasse para mamar, ou quando ainda o leite era insuficiente e Benício acordava de 40 em 40 minutos com fome para mamar, ou ainda quando ele teve hipoglicemia numa manha e parecia desmaiado, molinho igual desenho animado, quando pega o braço ou o pescoço da pessoa e ele fica tombando e fomos correndo ao hospital para dar glicose para o piazinho (Até esse dia, a gente nunca havia dado besteira para ele, depois disso, começamos a relaxar com balas, chocolates, etc... sempre com medo dele ter esse treco de novo)... ou ainda, ou ainda, ou ainda... são milhares de situações que levam os pais a manterem comportamentos alimentares paranoicos em relação aos filhos que tiverem problemas nos primeiros meses de vida. Mas nada disso, nada justifica manter esses comportamentos... e tivemos que descobrir isso sozinhos e na MARRA!

Putz... que chacoalhão que a gente tá tomando... eu e Adriana, não percebendo esse grito de socorro, continuava a fazer mais do mesmo... ninguém para dar um conselho, uma opinião, uma surra moral em nós dois... 

HOJE, somente hoje, depois do almoço, quase 2 ou 3 meses nessa situação que só vinha piorando, eu e Adriana tivemos uma conversa séria, tentando fazer uma reflexão dura e uma autocritica sobre nosso comportamento, e daí derivou todo esse textão que escrevo agora, essa era a autocritica ferrenha que fizemos.

Caímos numa ressaca moral, num baixo astral, mas pensando que temos que ser inteligentes... 

NOVA ESTRATÉGIA: 
Nós dois falarmos a mesma língua, sintonizados numa mesma frequência;
Horários das refeições e fazermos, ou tentarmos fazermos TODAS as refeições juntos;
JAMAIS usar chantagens novamente, REGRA intransigente;
Não dar nenhuma comida na boca, NADA, ele sabe o que e quanto comer;
Colocar na mesa SOMENTE comidas saudáveis, para que ele, estando com fome, coma somente coisas que façam bem para ele, e a gente também comer as mesmas coisas saudáveis;
Não comer NADA fora de hora, NADA de besteiras, zero absoluto, e a gente se adaptar a isso;
Caso ele deseja pular ou fazer uma refeição mal feita, não forçar e apenas oferecer comida no horário da próxima refeição, sem neuras;
Pedir, para que ele, mesmo não querendo comer, que continue na mesa com a família, para conversarmos e ficarmos todos juntos;
Tornar as refeições em momentos de relaxamento e diálogo, sem se preocupar sobre o que e quanto cada um está comendo;

Bom, lendo assim, não parece nenhuma novidade, um B – A – BÁ para principiantes, mas que exigirá SIM, muita determinação de nossa parte, disciplina, esforço, dedicação, e principalmente, RELAXAMENTO E PRAZER para curtir os momentos felizes de estarmos juntos ao redor do alimento... (pendo agora em até incluir orações antes das refeições, não necessariamente para agradecer o alimento, mas para manter um ambiente mais unido e sereno entre todos.

Voilà tout ce que je sais pour l'instant!

RESULTADOS: 
Iniciamos essa prática no lanchinho da tarde... bem sossegados mesmo... comeu um pãozinho com manteiga e uma garrafa de suco!!! No jantar comeu um pouco de ovos com linguicinha (nada saudável, mas aqui é bem comum isso) e pediu para comer o que eu tava comendo... Keffir de leite com cereais e mel... Dava cada colherada gigantesca! 

FUNCIONOU!!!!! Ele comeu tranquilo, zen, calmo, sozinho e demos muitas risadas juntos... As vezes a melhor coisa é realmente relaxar, respeitar, manter a linha saudável sempre e alegria de estar juntos... fomos dormir sem nenhum estresse e todos bem tranquilos.

A criança deseja ser respeitada, deseja carinho, atenção, limites, rotina, segurança... tudo isso que os bons livros recomendam, mas colocar em prática não parece ser tão simples assim, porque somos seres humanos, não somos sábios, nem temos doutorado na área... paciência, erros e aprendizados, com muita conversa, humildade e observação! 

Agora é manter a disciplina e a serenidade, que parece que estamos, finalmente, acertando a rota!!!!! 

Mais notícias em breve, ainda é muito cedo para saber, mas estamos mais esperançosos do que todas as outras vezes!  

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