quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce - Conhecendo o Mar!!!

Você tinha apenas 5 meses, foi no feriado municipal de 15 de Julho...

Já que você é 50% descendente dos Campellos, então eu fazia muita questão de fazer o seu batismo salgado... levá-lo ao mar, já que também você nasceu no interior de um estado que não tem muita aptidão marítima...

Fui educado para saber que o mar é um amigo, que o mar é a abertura total dos horizontes, que fazem os homens sonharem, que faz-nos mais amplos e desejosos de ir adiante, para ver ou saber sempre o que há do outro lado! O Mar sem Fim como um sentimento profundo de Camões... o mar que une os continentes!

Sim, eu desejava muito mesmo, que depois do batismo na igreja (que confesso que aceitei apenas por respeito à tradição dos Vilczaks e DIerkas, e eu respeito as tradições que emanam dos sentimentos mais profundos do povo)... Bom, queria que depois de seu batismo na igreja, você também fizesse a cerimônia do batismo pagão na natureza mais nobre de nosso berçário comum, o oceano!

Então sem milongas filosóficas... fizemos as malas, em pleno inverno paranaense, ainda na época dos pinhões da serra e nos mandamos para Matinhos, você comportou-se muito bem durante os 280 km de viagem, e ainda paramos em Curitiba para pegar sua madrinha Andréia. Nos perdemos um pouco no caminho até acharmos um hotelzinho barato onde ficaríamos os próximos 4 dias...  

Marcamos também de encontrarmos com uma amiga de infância de sua mamãe (Tati) que nos encontrou já na praia... o fato é que neste dia estava ainda muito frio, e até choveu, mas ainda assim resolvemos dar uma passada na praia e pisar na areia... tiramos algumas fotos, e eu sozinho entrei no mar, só para salgar a carne mesmo e tirar as micoses.

No dia seguinte, fomos fazer um passeio mais longo, para Paranaguá e ver se conseguíamos ir até Ilha Bela... nos decepcionamos um pouco com Paranaguá... meio suja e feia... com apenas uma arquitetura de cidade histórica bonita e um recém inaugurado aquário gigante, que resolvemos visitar e foi bem legal. Você ainda era muito pequenino para curtir o passeio, mas até que deu boas risadas e ficava muito curioso olhando tudo tão diferente a sua volta. Infelizmente não conseguimos chegar em Ilha Bela e deixamos esse passeio para uma próxima vez.

Na segunda feira... animamos de ir para Guaratuba, atravessamos a balsa e você bem animado... e finalmente, no dia 14 de julho, eu e você, demos o primeiro mergulho no mar... A praia estava bem vazia e com muito vento, o mar rasinho e bem frio... e você meio receoso se agarrava em mim por causa do frio... e quando te coloquei na água, você se retorceu em meu colo e se grudou mais ainda em mim... a gente juntinho ficava mais quentinho! Então te mergulhei inteiro na água, a cabeça afundada junto com a minha... e ali estava feito seu batismo... seu coraçãozinho batia acelerado junto ao meu que estava feliz.

Para mim foi um momento grandioso e importante, pois se sua mãe fez tanto esforço para trazer-te à terra no parto, era agora o meu dever de lançar-te ao mar, que é meu pai, ou nosso avô comum! 

Sua mãe gritava da areia, agitada e nervosa, ela não percebia a importância e o significado daquele momento tão especial que eu curtia tanto... Durou bem pouco tempo, pois estava mesmo frio... mas em poucos segundos você já foi se relaxando e quando as ondas vinham, a gente as atravessava bem tranquilos... Quanta honra poder-te apresentar ao mundo! 

Naquele instante acreditei que teríamos muitos prazeres de descobertas juntos, para mim também era uma nova aventura... 

Meu serviço e meu propósito para essa viagem, estava cumprido... o restante eram apenas passeios amenos e rotineiros... que fizemos com muitas risadas e muito gosto... 

Foi sua primeira viagem mais longa e serviu como um teste para a gente saber como seria nosso comportamento enquanto família fora de casa... e passamos no teste, porque deu tudo muito certo mesmo, sem maiores problemas e com muito prazer.

No retorno para Irati, ainda deu para parar em Antonina e almoçarmos um tanto, demos uma volta pela bela paisagem central, ao longo do rio que corta a cidade e eu te carregando no canguru o tempo todo!

Chegamos em casa um tanto quanto cansados, mas também muito felizes!!! Bem vindo ao mar meu filhão... o mundo é mito grande e a vida muito pequena para ficarmos parados... Nossas pernas são ligeiras e não podemos perder tempo com besteiras que nos aprisionam!

Te amo muito, obrigado sempre pela companhia!

"Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.  
Deus quis que a terra fosse toda uma,  
Que o mar unisse, já não separasse.  
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma, 

E a orla branca foi de ilha em continente,  
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,  
E viu-se a terra inteira, de repente,  
Surgir, redonda, do azul profundo."





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